Três corações inflamados, uma euforia fora de época
Quatro lugares na mesa, de uma mesma desocupada
Cadeiras ecoam o vento e o verbo de uma saudade
Uma cama de casal, um só corpo chora ali, solitário
Na noite mais fria.
Céu chora com vento
Amanha de manha, me trás alegria?
Uma televisão a cores,
Que reflete uma vida preta e branca
Um feijão temperado com amores
Parece não encher barriga de quem te engana
Um quintal vazio, repleto de esperança
Que um dia já foi ocupado pelo mais lindo riso de criança
Parede construída a mão, com tijolo achado no chão
Hoje segura à rede que balança desilusão
Carnaval fora de época, felicidade atrasada
Canção mal tocada à noite na viola desafinada
Adeus não dito, beijos não dados, sai pela porta, me volta na madrugada
Quatro almas, um lugar cinza
Na parede do quarto tento encantar a vida
Dezoito casas completas um floco de alegria
Quisera eu pudesse salvar vidas fazendo poesia.