Laura? Laura? – gritava, o tom de voz era estranho, e o som saia cada vez mais longe. Laura? Não vai por ai!
Da sacada de sua varanda ela via a mundo, ela via as pessoas, via a vida passar. O tempo lá fora fechou por completo, perto do morro lá longe, já posso ver a chuva se formando, o fim do mundo ou do meu mundo. Antes era sol que se via do outro lado da janela, de tanto que se fez presente, e olha, lá vem à chuva derramar sua misericórdia sobre as almas negras que vagam pelo mundo em busca de perdão, ora meu filho tanto fez e agora quer meu perdão? Eu não brilho como o sol, e, no entanto vaga negra como as nuvens carregadas perto do morro. Caio aos teus pés, mas jamais admito minha culpa, saio ilesa levando o perdão dos tolos, ora quem mais seria se não Laura?
- Laura? O que você tanto faz nessa sacada? Dela não vinha nenhuma palavra.
- Laura, porque é que não me responde? Você me assusta com tanto silencio.
O riso interno que tinha era de nervoso, Laura gargalhava, achando graça da menina que ainda teimava em se preocupar com ela. Nada tinha vida ao redor, os vasinhos de flores que antes serviam para enfeitar o lugar, agora servem de cinzeiros, as flores mortas davam um ar decadente, garrafas de bebidas sem rótulos e barata jogadas pelos cantos, o cheiro de lugar abandonado, a imagem de mulher nobre que agora falecida em alma e que ainda se encontra vagando em busca de colo.
- Eu permaneço em vida, quando meu amado foi para longe. Disse, sua voz era tremula, e um tanto chorosa.
- Faz cinco meses Laura, não pode passar a vida nessa sacada, vem, vamos dar um jeito nisso, não pode se matar aos poucos, você ta viva ele é quem... Ela interrompe a menina com um grito.
- NÃO, ele permanece em mim, eu não vou deixar que ele suma a historia não acaba enquanto as nossas promessas não se cumprirem, ele não podia fazer isso, não tinha esse direito!
- Laura a historia acaba no momento em que um parte, eu sei o quanto é difícil, mas você precisa ser forte. Laura gargalhava e o nervoso interno vinha à tona, o choro que agora acido vinha para queimar sua pele fazendo ainda mais doloroso tudo aquilo.
- Laura, não vai por ai! – Você ouve? Perguntou Laura.
- Não escuto nada. Disse à menina que agora se encontra mais assustada que antes.
- Ele ta aqui, ele vive em mim, eu o sinto.
- Você ta enlouquecendo Laura, precisa de ajuda, ele ta morto!
- Ele não pode estar, tínhamos feito uma promessa, eu o amo, nós nos amamos!
Laura ficava surda pro barulho do mundo, e passou a se concentra no que vinha de dentro dela, “eu a amo” ela ouvia sua voz tão viva e clara, que sorria em meio ao choro. O tempo fechou ainda mais, o ar negro que pairava por sua cabeça era de alguma forma a resposta, a chuva que caia limpado a sua vida era ao mesmo tempo a ressurreição de sua alma. Laura não entendia muito bem, nem fazia esforço para isso, o sentir ali já bastava, mas em qual canto estava meu amor?
Caída de joelhos sem pedir perdão, Laura enxergava ao longe o rosto de seu amado, perto daquele morro em qual foram feitas suas promessas, é lá que ele está sabia sem nenhum aviso.
- Laura não vai por ai!
Ela só não sabia o que ele queria dizer com isso, mesmo assim ela foi sem medir gravidade à mulher nobre foi, pulando edifício, atravessando carros, não olhando nos olhos das pessoas a mulher foi. Laura foi pulando corações, atravessando dimensões, enfrentando raios, cortando ordens, Laura foi pros teus braços, entregando o que de mais puro vivia nela, lhe dando asas para voar juntos, durante uma eternidade. Laura voou em vida aterrizando no peito de teu amado, cumprindo uma promessa ingênua de amor!